quarta-feira, 18 de abril de 2012

Serviços do Peru - Bancos

Resolvi escrever mais um post sobre o tema dos serviço aqui no Peru. Nem tanto por ter sofrido com esse serviço, especificamente, nos últimos dias - na verdade faz um tempão que eu tô pra escrever esse post e nada... - mas mais porque eu passei um perrengue danado com o meu banco no Brasil, daí lembrei dos bancos daqui... enfim... a mente humana trabalha de forma indecifrável, de vez em quando!

Tenho uma amiga, que hoje mora em Quito, e descreveu muito bem como é a cidade que ela está morando: "é como se eu estivesse vivendo nos anos 80!"

Conceito e definição que vou tomar emprestados, pois se aplicam perfeitamente ao Peru. Aqui também é assim... muita gente se veste como se estivéssemos nos anos 80. Definitivamente, todo mundo se penteia como se estivéssemos nos anos 80 (nenhuma mulher aqui jamais ouviu falar de cabelos curtos... todo mundo adoooora cabelão! E os penteados, junto com os vestidos, "de festa"...). O trânsito é aquele inferno de total falta de respeito (ainda não começaram a colocar em prática o conceito da multa, por aqui). E os serviços... ah, os serviços... além do desconhecimento da máxima "o cliente tem sempre razão", a qualidade da prestação é algo somente comparável a alguns lugares bacanas que eu conheci em Brasília, berço da expressão "tem, mas acabou" e sua equivalente "tem, mas tá em falta".

E, embora eu tenha estagiado em Brasília - em matéria de serviços ineficientes - o que me fez melhorar um pouco em termos de expectativas (baixando-as vertiginosamente, depois de ter saído de São Paulo - sim, pois ali é, infelizmente, um outro planeta, comparado com algumas cidades do Brasil...), quando cheguei aqui e tive de encarar o sistema bancário dos anos 80... me bateu um certo desespero.

Os bancos aqui, pra começar, não permitem que você faça praticamente nada pela internet. Não dá para pagar suas contas, não dá pra transferir dinheiro, não dá pra fazer nada. E eu, que há mais de 10 anos não entrava em uma agência bancária para resolver nada da minha vida financeira (exceto por uma vez em que clonaram meu cartão e precisei resolver pessoalmente), quase tive uma síncope.

 Ou seja, teria de ir ao banco para fazer tudo! Fala sério! Eu tenho alergia a banco!!

Para piorar, os bancos aqui não têm sistema de compensação integrado. Sendo assim, se você tem de pagar sua conta de luz, ela só é aceita no banco X, no banco Y e na sede da companhia de luz. O mesmo com a conta de telefone, de celular, de gás... e por aí vai... Fácil, né? 


Ah... e é claro que nem todas as contas são "pagáveis" no mesmo banco... não é que tem um banco federal ou estadual que aceita todas as contas dos serviços básicos... não... é cada uma em um banco, mesmo!!! Ou seja, além de ter de ir ao banco, você tem de ficar pulando de banco em banco pra pagar suas contas! 

Claro que nesse esquema bizarro os bancos abrem de segunda à sexta, das nove às seis e aos sábados das nove à uma da tarde... também, só assim pra todo mundo conseguir fazer, a tempo, tudo que precisam fazer nas agências...

E a dificuldade que é para para pagar seu cartão de crédito? Sim... porque, além de não dar para fazer nada pela internet, e pela ausência do sistema (básico!) de compensação, não existe débito automático! Claro que não! Então, as contas do meu cartão de crédito do HSBC, não podem ser debitadas automaticamente da minha conta do HSBC. Incrível, não? Welcome back to the 80's!!!

O pior é que outro dia eu fui pagar o cartão, mas tínhamos perdido o extrato. Fui até a agência, e ainda perguntei pro marido se ele achava que eu ia poder pagar, afinal, o cartão está em nome dele, eu sou dependente... a resposta foi: "Meu, você tá indo PAGAR uma conta... não é possível que eles vão encrencar com isso, né?"

Será? Claro que não! Se você não estivesse abduzida nos anos 80!

Chegando lá eles queriam o numero do cartão. Mas, minha senhora - eu tentei argumentar - é o cartão que está vinculado à minha conta corrente! Essa aqui ó!

E ela: "Mas a senhora não é a titular do cartão."

Eu: "Não, mas sou titular da conta, que é conjunta com o titular do cartão E, mais importante, estou querendo pagar!"

Ela: "Ah... não... sem o número do cartão eu não posso fazer a transação, pois não consigo identificar o cartão no sistema, para puxar o extrato e saber o valor devido no mês. A senhora quer fazer um pagamento de uma quantia qualquer?"

Eu: "Claro que não! Eu quero pagar exatamente a quantia que estou devendo!"

Ela: "Ah... então só com o número do cartão."

Saquei o celular da bolsa, e quando estava discando pro Fred, pra perguntar qual era o tal do número:  "Senhora, não é permitido usar celular dentro da agência."

Sério.

Saio da agência, perco o lugar na fila - porque em banco onde o cliente tem de fazer TUDO na agência, costuma haver fila - consigo o número do cartão e só então, depois de enfrentar a fila novamente, consigo fazer o que deveria ser um simples pagamento de cartão de crédito!

Inacreditável, não é?

E todo o tempo eu pensava: se o HSBC tem sistema funcionando no Brasil, porque diachos ele não tem um sistema funcionando aqui também?! Nem que fosse só pra ter débito automático do cartão! Depois pensei em sugerir um acordo de cooperação entre Brasil e Peru na área de tecnologia bancária... mas, enfim... São coisas do Peru. 

E assim a gente vive por aqui... em 2012, mas em plenos anos 80!

Beijos,
Tila.

PS: meu banco no Brasil é o Santander... mas depois que deixou de ser Real/ABN Amro, e virou filial do espanhol, sinceramente, penso 20 vezes por mês se não seria melhor mudar para qualquer outra instituição... será que eles têm tantas saudades assim dos anos 80?! Eita servicinho porcaria!!

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