Diário de Viagem - Quito

No último fim de semana fomos visitar nossos amigos Stella e Felipe, que estão vivendo em Quito! Fica pertinho daqui (1h 50min de vôo), com vôos regulares e - o melhor de tudo - com amigos para nos ciceronear!

Quando a Stella e o Felipe vieram nos visitar aqui em Lima ficaram impressionados com o tamanho da cidade e a variedade de coisas pra fazer. Mas agora que fomos a Quito foi nossa vez de nos impressionarmos! Embora a cidade seja bem menor do que Lima há muitas coisas interessantes para visitar. Sem contar que o País não é muito grande, o que possibilita várias viagens de carro para conhecer lugares diferentes!

Demos muita sorte, pois os dias foram de muito sol e deu para aproveitar bastante não só os passeios, como o visual! E a  natureza fez um ótimo trabalho por ali. A cidade fica no meio das montanhas, formando um caminho comprido no meio dos vales. Isso dá um visual incrível ao lugar! Sem contar que várias dessas montanhas são vulcões, com os picos cheios de neve. Lindo!

Nossos amigos moram numa "cidade satélite", chamada Cumbaya, que fica em outro vale, um pouco mais abaixo de Quito (um pouco é modo de dizer, pois fica 400 m pra baixo... mas com cidades tão altas - Quito fica a 2.800 m de altitude, mais ou menos - os 400m parecem pouquinho...). A cidade é pequenina, mas charmosa! E tem um visual incrível das montanhas ao redor!

Aqui vai uma fotinho que tirei na estrada, descendo de Quito pra Cumbaya.

No primeiro dia fomos direto conhecer o centro do mundo! A linha do Equador! Verdade que esse foi o segundo centro do mundo que conhecemos, se contarmos com Cusco... mas digamos que esse é o centro do mundo "atual"...rs. No local foi construído um parque ("La mitad del mundo"), um monumento, e no lugar tem um monte de restaurantes, lojinhas e até uma praça onde rolam uns showzinhos de música típica.

Pé direito no Hemisfério Sul e
pé esquerdo no Hemisfério Norte

Na verdade o local onde foi construído esse parque não é exatamente onde passa a tal da linha. Quer dizer, depois que tinham estabelecido a linha naquele local, construído o monumento e tudo, foi feita uma nova medição, confirmada por GPS e outras tecnologias, e "arrastaram" a linha do Equador um pouco pro lado... mais ou menos 1 Km... Nesse segundo local - Museo Intiñan -  foi construído também um parque, e ali é possível fazer alguns experimentos típicos que comprovam que ali é a linha do Equador! Não sei porque não testaram na primeira linha... mas, enfim...

Além disso no parque estão espalhados alguns instrumentos utilizados há séculos por índios, para medição do tempo, como relógios de sol, instrumentos para determinar a época da colheita, dentre outros.

Eu no Sul e Stella no Norte

A Linha do Equador de verdade

Um dos experimentos que nossa guia nos demonstrou servia para estabelecer em que hemisfério você está, de acordo com a rotação da água descendo por um cano: eles colocam uma "pia" sobre um tripé, despejam água com algumas folhinhas e abrem o ralo da pia. Quando o tripé está exatamente sobre a linha do Equador a água cai sem fazer rodamoinhos e as folhinhas não giram (tá bom... numa das vezes fez um rodamoinho beeeem levinho). Depois os guias carregam pia e tripé para o lado sul e a água novamente é derramada, caindo em rodamoinho no sentido horário (com as folhinhas girando). Quando a mesma pia é levada para o hemisfério norte, a água cai em rodamoinho no sentido anti-horário.

A guia não me convenceu do por quê isso acontece. Na verdade ela não soube me explicar direito... pesquisei no oráculo e mencionaram uma tal de Força Coriolis, mas também tem físico dizendo que ela não seria forte suficiente para fazer toda essa diferença sobre pequenas massas... fiquei sem entender, mesmo. Quem souber do que se trata, favor esclarecer! Rs...

Mas, fato é que a água girou pra lado diferente, dependendo do hemisfério onde estava colocada a pia (não imaginava que 1 metro e meio de distância pudesse fazer essa diferença! Mas fez!). Para os céticos de plantão, ainda teve a experiência de colocar um ovo em pé sobre um prego. Nós vimos um cara fazer isso (um turista), muito embora em nossas próprias tentativas não tivemos tanta sorte (muito vento) ou equilíbrio. Mas o ovo ficou em pé, num prego!

O experimento mais contundente foi a experiência em que nossa guia - de 1,40m e uns 40 quilos - nos pediu para levantarmos os braços. Devíamos resistir à força dela, puxando nossos braços para baixo. Quando estávamos ao sul do Equador, deu certo. Mas na hora que ficamos sobre a linha, não conseguimos resistir à "força" dela. Essa foi bizarra.... mas, incontestável. Teoricamente, a massa fica mais leve quando exatamente sobre a linha do Equador...

À noite nós fomos jantar num restaurante muito bacana, que fica no centro da cidade, na parte alta (atrás da Basílica). A vista é sensacional, e eu recomendo para quem for à Quito! Chama-se El Ventanal e se você conseguir chegar para ver o pôr do sol (nós não conseguimos) deve ser incrível! À noite a vista do centro da cidade todo iluminado é linda!

No dia seguinte nós fomos visitar outras cidades, mais especificamente na Lagoa de Cuicocha,  formada dentro de um vulcão inativo. O lugar é alto - claro - e quando chegamos o tempo tinha virado, com nuvens pesadas e muito vento! Mas já estávamos lá, então fizemos um passeio de barco pelo lago, ao redor das ilhas de material vulcânico, e depois subimos no mirante do parque para umas fotos.

Saindo de lá fomos almoçar no restaurante de um hotel - o único da rede Relais & Chateaux no Equador - que diziam ser o mais sofisticado e caro do País. O lugar é surreal! Imagina um lugar que quer ser muito chique, mas que não definiu seu estilo e, assim, resolve juntar tudo de mais chique de todos os estilos?! Fica breeeeega, que só! E assim é o La Mirage.

Tudo que você pode imaginar - desde colunas gregas, passando por pavões no jardim (sim, no plural... são 5), até lustres imitando cristal Baccarat e sousplats imitando prata com rococó - reunido em um só lugar. O lugar era tão inusitado que a gente se divertiu muito! Especialmente quando nossa entrada veio dentro de uma caixinha de música... sério. Registrei porque senão as pessoas não iam acreditar.

Apesar de tudo - ou por causa disso (rs!) - eu recomendo o La Mirage! A comida estava muito boa e a sobremesa estava incrível!! Eu pedi um Festival de Chocolate que estava divino e o Fred e a Stella pediram um Festival de Doce de Leite que também estava delicioso!! E no restaurante mais caro do Equador, a refeição com vinho e sobremesa saiu por meros 50 dólares para cada comensal. Vale a pena se você estiver ali pertinho!

Na volta passamos pela cidade de Cotacachi - onde a oferta de artigos de couro é bastante grande e barata, e por Otavalo - onde fica a maior feira ao ar livre do Equador, mas não paramos em nenhuma das duas cidades, pois estavam muito cheias! Paramos também em um mirante para mais fotos lindas das montanhas que dominam a paisagem equatoriana!

No fim do dia ainda saímos em Cumbaya e descobrimos um lugar muito bacana na praça central da cidade, um barzinho pra ouvir rock e comer uns tiraditos!

Finalmente, no nosso último dia no Equador fomos conhecer o centro histórico de Quito. É o maior centro histórico da América Latina e foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Unesco, em 1978. E, realmente, é muito bonito e super bem conservado, com vários prédios históricos, centros culturais e igrejas (muitas mesmo) para se conhecer. Impressionante que apesar de ser centro histórico o lugar não é sujo - como costumam ser os centros históricos por aqui pela América do Sul. Não tem nem pichação! (e isso faz toda a diferença, acredite!)

Primeiro passamos pela Plaza Grande, onde fica a Catedral e o Palácio Presidencial. 

Da série "tem coisas que só a América Latina faz por você", duas fotos curiosas: sob o Palácio Presidencial, no térreo, há um monte de lojinhas. Onde mais você veria coisas desse tipo?!  Isso porque, em frente ao Palácio, já foi assassinado um presidente da república equatoriana...

Depois fomos seguindo pelas ruelinhas, conhecendo um pouco do lugar e da cultura equatoriana - não tem lugar melhor do que o centro, num domingo, para você ver como realmente é a população da cidade! 

Vendedoras de sorvete na casquinha
(foi difícil tirar essa foto, elas sempre se escondiam
quando me viam com a máquina!)

Lá também se como papas com tudo!

Nessa praça estava rolando uma exposição de fotos
 sobre a Revolta dos Policiais (2010) 

Só que tem de ter fôlego, porque é um sobe e desce inclemente!

A Basílica ao fundo

Ficar longe dos amigos tem seu lado ruim... mas também tem seu lado bom! Quando a gente pode, visitamos os amigos que estão espalhados pelo mundo, e aproveitamos para conhecer lugares que sequer sonhávamos em visitar!

E aí? Curtiu a viagem?!

Beijos,

Tila.