quinta-feira, 29 de março de 2012

Diário de Viagem - Chincha Alta

Num dia desses nós resolvemos que precisávamos aproveitar o verão (que é muito curto!) para viajar!Quando morávamos no Brasil a gente adorava viajar no fim de semana, pra alguma pousadinha gostosa, algum hotelzinho diferente! O programa era divertido, não era caro, e a sensação de viajar é sempre ótima! Assim, saímos em busca de algum hotel bacana em que pudéssemos passar o fim de semana... alguma coisa pertinho, que desse pra gente ir de carro e, se possível, aproveitar uma praia!

O problema é que esse conceito de hotel bacana parece que ainda não chegou por aqui. É super restrita a oferta de hotéis com algum charme, ou de pousadinhas aconchegantes, especialmente se você não está no roteiro de Cusco. Resort então é algo que ainda não chegou em terras peruanas (exceto, novamente, por Cusco...).

Sendo assim, tava meio difícil a gente encontrar um lugar... Podíamos ir para Paracas, que daria para ir de carro e há dois hotéis bacanas (o Hilton e o Libertador), mas eu já tinha ido pra lá com meus pais (tá faltando um post sobre isso!) e, sinceramente, embora o hotel seja legal (ficamos no Hilton), não era exatamente o que estávamos buscando para o nosso fim de semana despretensioso - até porque, o preço é meio salgadinho.

Depois de uma pesquisa em vários sites para ver se encontrávamos um destino próximo a Lima, com praia e um hotel legal - sem sucesso - decidimos mudar a estratégia e encontrar um hotel da cadeia Casa Andina, que tivesse disponibilidade e em algum lugar interessante. Casa Andina é uma cadeia de hotéis que tem aqui no Peru, com opções variadas - de categorias diferentes, espalhados pelo país. Embora nunca tivéssemos nos hospedado em nenhum dos hotéis dessa cadeia, passamos por vários aqui em Lima, em Cusco, Puno e Arequipa, e nos pareceram simpáticos e confiáveis.

Encontramos disponibilidade numa cidade ao sul de Lima, chamada Chincha Alta. Pelo mapa ela ficava relativamente perto do litoral - ou seja, se quiséssemos daria até para dar uma chegadinha na praia - e o hotel pareceu bem agradável, com uma piscina bem gostosa! Resolvemos ir pra lá!

Tivemos um compromisso na sexta à noite, então só viajamos no sábado de manhã. A distância de Lima à Chincha é de aproximadamente uns 200 kms. Mas a viagem é tranquila, pois a estrada é boa, não é tão movimentada.

Aqui cabe um parênteses interessante. No verão a estrada fica bem mais cheia, especialmente até Ásia, que é a praia dos mais "abastados" (que fica a aproximadamente 100kms de Lima). É impressionante, mas durante o verão todo mundo sai de Lima no fim de semana! (todo mundo que tem grana, claro!) Tem até padarias, lanchonetes e afins que fecham durante os fins de semana do verão!

E algumas empresas dispensam os funcionários mais cedo na sexta-feira para que todos possam aproveitar! Delícia, hein?! Eu acho tudo isso bem interessante, pois realmente o verão aqui é a estação diferente! Animada! Aquela em que dá pra aproveitar  de verdade!! Inclusive os que não podem viajar aproveitam, ao menos, as áreas livres da cidade, o calorzinho, o sol (e até a praia de Lima, porque não?!)! Afinal, são só 4 meses do ano, então a galera tem de aproveitar, mesmo!

Os abastados vão todos pra Ásia. Todo mundo aluga casa por ali. Durante o verão eles montam um "Boulevard", com os principais restaurantes e lojas de Lima. É meio esquisito porque, acabou o verão eles desmontam tudo! 

Também é meio estranho pensar que a pessoa tá indo pra praia para mudar de ares, fazer alguma coisa diferente, mas encontra à sua disposição exatamente as mesmas coisas que tem em Lima... Além de encontrar as mesmas pessoas! Risos... E, por fim, devo acrescentar que a praia é feia. Areia dura e escura... parece aquela praia que tem na cidade de Santos! Rs... (me perdoem os santistas, mas tem praia muito mais bonita no Brasil...) E as praias são todas reservadas para os condomínios. Ou seja, um troço bem elitizado mesmo! Eu acho beeeem esquisito, mas... aqui é assim.

Ok. Fechei o parênteses.

Chegamos em Chincha bem na hora do almoço e aproveitamos para sair e conhecer a cidade(zinha). Nosso quarto ainda não estava disponível, então pedimos, também, a indicação de um restaurante bacana e de algum lugar interessante para visitarmos.

Chincha é um povoado. É uma cidade muito pequena! Chegando na cidade fomos cercados por "tuc tuc's"... sabe? Aquele meio de transporte que nada mais é do que uma moto, com uma capota, que carrega um banco para 2 passageiros atrás? Vou colocar uma fotinho pra ilustrar. Aqui em Lima, especialmente nos bairros mais pobres, tem muito tuc tuc... Mas em Chincha não tinha carro. Só tinha tuc tuc!! Risos...


Uma fotinho do ataque dos Tuc Tuc raivosos! (afinal, estamos no Peru e o trânsito aqui, você já sabe...)





Fomos visitar a praça central, com direito a coreto e igreja, claro! Como era sábado a cidade tava bem movimentada - apesar de ser hora do almoço e estar um sol de rachar coquinho!


A igreja, na Praça Central


O coreto, na Praça Central, num sol de rachar coquinho
Vai um sorvetinho aí?!
Em Chincha mesmo (na cidade) foi isso. Não tinha mais nada para conhecermos. Mas, a região é conhecida por aqui por ser o berço do povo (e do folclore) afro-peruano. Realmente, aqui em Lima - e no Peru, em geral - é bem difícil encontrarmos negros. Para dizer a verdade, eu acho que se vi 2 negros aqui em Lima, desde que chegamos, foi muito! (exceto, é claro, os representantes de países africanos que eventualmente encontramos nos eventos do mundinho diplomático)

Seguimos, então, para o distrito de El Carmen - que nada mais é do que um bairro, meio afastado dali do centro de Chincha (acho que andamos uns 15 kms) - onde vive a população afro. E se Chincha já era pequeno, El Carmen é minúsculo! Fomos até a Praça Central, que é onde termina a estradinha em que estávamos, que tem a tradicional igreja e o coreto. Pouquíssima gente na rua e na praça. Aliás, a cidade estava parecendo cidade fantasma... em primeiro lugar porque eu não acredito que more tanta gente em El Carmen... talvez o mesmo número de hóspedes do nosso hotel. E, em segundo, porque já passara da hora do almoço, continuava um sol de rachar e acho que todos os habitantes dali estavam fazendo a "siesta"... 

Encontramos uns garotos que com toda sua astúcia perceberam que éramos turistas e se ofereceram para cantar e dançar para nós (educadamente declinamos), e um rapaz que passou de bicicleta e, também, muito observador, ao perceber que éramos turistas, nos deixou um folheto para que conhecêssemos o centro de turismo da cidade. 

Depois de uma breve olhadela na igreja - que era bem bonitinha, por sinal - o Fred fez questão de passar no tal centro de turismo. Nada mais era do que a casa de uma família, que foi surpreendida com a nossa chegada - o pai de shorts e sem camisa, a filha correndo atrás do cachorro pela sala, e a mãe escondida (provavelmente lavando os pratos do almoço), que veio nos receber depois de um grito do pai (algo do tipo: "chegaram dois turistas!").


Ali, na sala da casa, havia uma pequena estante com alguns objetos de cerâmica, representando a cultura e o folclore afro-peruano. Além disso, havia uns 3 cartazes de alguns eventos ocorridos há anos, e 2 camisetas de Chincha, para os interessados. 

Como não tínhamos muito o que visitar ou conhecer da história da cidade, já que não havia material disponível, comprei um casalzinho afro de cerâmica, como "recuerdo", e que hoje enfeita nossa estante de souveniers de viagens! Simpático o casalzinho! O de cerâmica. O outro praticamente não falava...


Seguem as fotinhos de El Carmen.


A movimentada El Carmen

A igreja, na Praça Central

O Salsódromo

O Centro de Informação ao Turista


Saindo dali fomos até uma fazenda chamada Hacienda San Jose, construída no século XVII, e que foi uma das maiores produtoras de açúcar da região. Era conhecida também pelo grande número de escravos que possuía. O passeio é interessante porque a fazenda está super bem conservada - e em poucos meses se tornará um hotel, pois estão terminando as reformas!


O casarão é lindo, e os arredores também. O lugar é tranquilo, cheio de árvores e com uma brisa que me fez ter muita saudade de passar a tarde lendo um livro numa rede! 





A visita inclui um tour pelas catacumbas da fazenda. São uns corredores minúsculos - e sem luz - por onde os escravos eram conduzidos para serem negociados. Eu não curto catacumbas, ainda mais sem luz (a gente tinha de ir carregando as próprias velas, e o breu era total!). Mas o Fred adorou! Só de pensar que os escravos deviam ser muito mais altos do que eu, e pra mim já era difícil passar pelos corredores e não bater a cabeça em algumas passagens, já me dava um aperto no peito!


Sente o drama.



Dali seguimos para o tal do restaurante indicado, que aliás, é um restaurante meio famoso por servir comida típica da região (com presença até no Mistura, que é um festival gastronômico famoso que rola aqui em Lima, anualmente). Chama-se El Refugio de Mamainé. Fica no meio do caminho entre Chincha Alta e El Carmen e, embora pareça também uma vila fantasma, parece que todos que estavam por ali foram almoçar no Mamainé... Estava bem cheio - tanto pro horário (já devia ser por volta das 15hs), como pro lugar (que é no meio do nada).


Foi interessante voltar no tempo e tomar Coca-Cola na garrafa de vidro de um litro. Tudo bem simples, e até aí, tudo ótimo! Mas, sinceramente, não gostei da comida... Não achei saborosa e sim muito pesada! Acho que foi o primeiro restaurante que eu fui aqui que não curti... Apesar de ser uma experiência sociológica - o restaurante é rústico, bem típico, com fotos de vários eventos folclóricos e culturais que eles participaram, com música tocando e as pessoas dançando, até a própria Mamainé aparece para dar seus passinhos... - não valeu a pena almoçar ali, não. 


Depois voltamos para o hotel e ainda deu pra aproveitar uma piscina no fim da tarde! À noite, sem muito pique para jantar ou sair, ficamos no bar do hotel lendo e aproveitamos pra pedir um docinho... fim do dia... sabe como é, né?! Não resisti. Provei uma das especialidades da região: sorvete de figo. Por toda a estrada, já perto de Chincha Alta a gente viu diversas barraquinhas vendendo sorvete de figo. Fiquei intrigada e resolvi provar.


Sem dúvida, o melhor de tudo da viagem! Um manjar dos Deuses!! Servido com uma torta quente de pecãs! Maravilhoso! Tão bom que no dia seguinte eu repeti! Foi meu "jantar" nos dois dias!! :)


E depois de tudo isso ainda tivemos mais uma experiência digamos... diferente... No domingo de madrugada eu acordei com tudo sacudindo! Veja bem... o terremoto tava forte, pois EU acordei, de tanto que balançava! De fato o epicentro foi numa cidade bem perto de onde estávamos, e o balanço foi de 6,2 na escala... Só deu tempo de acordar o Fred, abrir a porta do quarto e sair correndo! Por sorte o quarto era como um chalé, no térreo, e deu pra sair rapidinho! Nenhum incidente maior, só o susto, mesmo... ufa!


No fim das contas a gente nem foi pra praia... mas tudo bem! Valeu a pena conhecer mais um pedacinho daqui do Peru! Viajar é sempre bom, né?! Tanta coisa diferente pelo mundo pra gente conhecer! 


Beijos!
Tila.

4 comentários:

  1. Olá, tudo bem?

    Estou procurando cidade no Sul do Peru para conhecer e vi seu post. Tem como me passar o nome dos lugares que ficou? Você conhece Nazca já? Provavelmente vou para Lima e depois vou descendo, pois minha avó mora em Arica - Chile.

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    1. Olá Nancy, tudo bem?!
      Se você for seguir de Lima até Arica de carro, você pode conhecer Chincha Alta, Paracas (onde fica uma reserva natural bacana), Nazca e Arequipa, pois todas ficam próximas do seu caminho (senão, no próprio caminho, como é o caso de Chincha, Paracas e Nazca). Destas cidades eu só não conheço Nazca (que eu quero muito conhecer).
      Paracas é uma cidade muito pequena, mas que os peruanos costumam visitar pelos bons hotéis na beira da Baía e pela Reserva Nacional de Paracas - quando eu fui fiquei no Hotel Hilton.
      Entre Chincha e Paracas você passa por Pisco, que é uma cidade minúscula, mas onde você encontra bodegas e produtores do pisco - que é a bebida típica daqui.
      Em relação à Arequipa, a cidade é super bonitinha, com algumas atrações turísticas bacanas e restaurantes ótimos! Fiquei na Pousada do Monastério. Se você tiver tempo, recomendo que você fique uns 3 dias por ali. Se quiser esticar a viagem, tem um passeio ao Cañón del Colca, que é bonito (mas cansativo para fazer na correria). Eu tenho dois posts aqui no Blog sobre Arequipa, depois dá uma olhadinha! ;)

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    2. Muito obrigada! Vou ler sobre Arequipa no seu blog,

      Bom fds,

      Nancy

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  2. Muito bonito, conheço alguns dos lugares onde passou, principalmente parte de Lima e muito bem Chincha-Alta, mas não conheci o Distrito de El Carmen que me parece ser muito bonito e interessante,
    Obrigado pela dica, penso que visitarei muito próximo.

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