domingo, 15 de maio de 2011

Diário de Viagem - Parte I - Vale do Colca

Finalmente começo um dos meus já tradicionais "Diários de Viagem" aqui no Blog!!

Ontem de madrugada saímos de Lima e chegamos cedinho - 6 da manhã - em Arequipa! Começamos nossa viagem por Arequipa pois era o lugar "menos alto" que visitaríamos e, portanto, teríamos tempo para nos ajustarmos à altitude...

O único (grave) problema foi o fato de termos mudado o roteiro para não termos de fazer tantos check in e check out nos hotéis, só que, no fim das contas, a gente chegou por Arequipa (que é onde fica o aeroporto), mas na sequência fomos direto pro Vale do Colca que é a nada menos que 3.500 metros de altitude... lama!

A chegada em Arequipa já foi ao mesmo tempo inebriante e dramática... da janela do avião já pude ver as montanhas lindas que rodeiam a cidade... tão lindas quanto frias... todas com os cumes cobertos de neve. Foi só colocar o nariz pra fora do avião para me arrepender de não ter optado pelo casaco mais quente, mas pelo mais prático de carregar (dobrar, colocar na mochila, etc...). Em dois minutos já estava como a Rena do Nariz Vermelho... tremendo de frio, mas adorando o visual!

Segue a fotinho da saída do avião, ainda na pista de pouso:


Essa já é a caminho do Vale
Saindo do aeroporto - às seis e pouco da matina - e seguimos para uma pousada, de onde sairia nossa van, com destino ao Vale do Colca. É uma região de cânions, habitada por dois povos (os cabana e os collagua) que têm características físicas distintas (e curiosas: antigamente o costume era colocar umas talas de madeira na cabeça dos recém nascidos, para que o formato do crânio ficasse parecido com o de um vulcão, adorado pelo povo... bizarrinho... cada um tinha seu vulcão preferido, um com forma mais piramidal e outro mais achatada... e lá vai a cabecinha dos recém nascidos ficar com formato alongado;piramidal ou achatado... graças a Deus eles já superaram essa prática e hoje identificam-se por chapéus típicos diferentes...). O vale até hoje é habitado por esses povos que sobrevivem com base na agricultura e no escambo.

Antes de chegar na cidade de Chivay - a mais "importante" do Vale do Colca, o que deve valer aí uns 1.000 habitantes (procurei na Wikipedia, mas não encontrei o número certo... tô achando que mil ainda é demais...) - nós paramos pelo meio da estrada. Passamos pela Reserva Nacional Salinas y Aguada Blanca, onde ficam alguns povoados, pouqíssima gente, mas muitas llamas, alpacas e algumas poucas vicunhas (essas vivem como animais selvagens e estão correndo risco de extinção). As llamas e alpacas são domesticadas e servem não só de alimento, mas principalmente para extração da lã, para fazer de tudo! O Peru inteiro (e os turistas) vestem casacos de llamas e alpacas (Baby Alpaca aqui é ainda mais valorizado, pois o pêlo é mais suave.

Viajamos por mais ou menos umas 5 horas. E tudo era praticamente deserto... ninguém por perto... mas encontramos a todo momento várias simpáticas llamas!!



Paramos no meio do caminho para tomarmos o famoso chá de coca... até porque a essa altura (literalmente) minha cabeça já estava explodindo!! Saí de Lima com enxaqueca que, é claro, só fez piorar... mas o Fred também já sentia os efeito da altitude (dor de cabeça, mas o fôlego ainda estava OK). O lugar do chá já era beeem alto: 4.225 m. Mas lindo de morrer e onde a gente pode, de verdade, escutar o silêncio - uma das sensações mais incríveis!!



Aproveitando o silêncio... uma delícia!



Aqui tem demais disso: pedras segurando o telhado das casas, para não voarem com o vento

Altitude
Saindo desse botequinho no meio do nada, rezando pro tal do chá fazer efeito (era ruinzinho... e como só o que é ruim cura... estávamos bem confiantes), a gente subiu mais um tanto em direção ao lugar mais alto do Vale, de onde tínhamos a vista privilegiada dos 3 vulcões que rodeiam Arequipa: Misty, Chachani e Pichu Pichu. Cara... e o frio?! Fala sério!!! Na parada do chá eu já tava congelando... mas ali foi feio o negócio... a alternativa era não pensar na mão congelando, e concentrar na paisagem linda do lugar!


Sim, é isso mesmo! Gelo a 6.025 m. de altura



O interessante nesse lugar - além da vista sensacional, claro - eram essas pequenas "torres"  que a galera fazia... tradição inca, fazer essas torres com pedras e deixar para os deuses, para que seu pedido fosse atendido. Era uma quantidade impressionante de torres, pois estávamos no lugar mais alto da região (alcançável, claro, pois mais alto era o topo dos antigos vulcões...), e se você deixa sua torre bem alto tá mais perto dos deuses e, portanto, eles vão te atender mais rápido... sacou?


















Notem que nas fotos já podemos ver as mulheres vestidas com as roupas típicas! Sempre super coloridas, com saias e mais saias, e os chapéus que diferenciam um e outro povo. Muito bacana!


Saindo de lá fomos almoçar e declinamos o passeio da tarde - uma caminhada e uma ida às termas - porque realmente estávamos estragados. Minha enxaqueca só piorava e o Fred também não estava bem. Normalmente a galera passa mal mesmo no primeiro dia, então voltamos pra nossa pousada e lá ficamos, desmaiados, até a hora que deu fome novamente.

Começou aí o drama do banho. Nosso banheiro era grande o suficiente para não esquentar de jeito nenhum com o vapor da água... até porque, nosso chuveiro não colaborava muito, já que não era uma ducha... mas um mero filete de água! Muita sorte minha estar com o cabelo curto, senão não ia aguentar!! Rs... O tal do filete de água demorou muuuito pra esquentar... e quando esquentou tava queimando a alma! Fantástico, não?! Sem contar que eu tive de tomar banho de havaianas, pois não aguentava o azulejo congelado do chão! Sério... havaianas sempre meu povo!! Já fiz a besteira de viajar sem elas uma vez, porque tava frio e eu não ia sair de chinelos, mas mesmo no frio ela é essencial... e me dei muito mal...afinal, a gente nunca sabe o perrengue que os banheiros nos reservam!! Rs...

Superado esse probleminha, jantamos no próprio hotel e no dia seguinte acordamos às seis da manhã para o passeio até o Cânion do Colca, onde veríamos o vôo do Condor. A ave também está praticamente em extinção (os agrotóxicos contaminam a carniça da qual eles se alimentam, e acabam morrendo envenenados...), mas nesse lugar ele é preservado. É a maior ave que existe, podendo chegar a 1,50 m (a altura média dos peruanos, então dá pra imaginar o respeito que eles têm pelo bicho!). No caminho mais pausas para apreciar a paisagem, que é mesmo de perder o fôlego (com o perdão do trocadilho infame!).




Chegando lá, ficamos admirando o vôo do condor! (curioso é ver a expressão e o espanto das pessoas:"Oh my gooooood!!" Mano... na boa... o cara não foi até lá... viajou 2 horas pelo menos pra ver o condor voar?! Então alguém me explica porque tanto espanto?!? Enfim...).


El condor pasa

Passa bem pertinho...

E passa outra vez...

Depois do condor voltamos para Chivay para o almoço, parando antes no povoado de Yanque - isso mesmo - para dar uma olhadinha na igreja, que é, segundo o povo diz, a mais bonita da região. Curioso notar que as imagens se vestem como os típicos peruanos do local!







Depois do almoço nós voltamos para Arequipa, chegamos no hotel e fomos dar uma voltinha pela cidade. Muito bonitinha!! Adorei!! Amanhã a gente tem city tour e a tarde livre pra explorar mais... depois conto com mais detalhes e conhecimento de causa... mas só pelas horinhas que já passamos aqui posso dizer que estou adorando a cidade!! Vou colocar uma fotinho do pôr do sol na Plaza das Armas, só pra deixar vocês com água na boca!



Beijos!
Tila.

3 comentários:

  1. Brigada!! Vou confessar que foi muito difícil selecionar as que eu ia postar... maravilhas do mundo digital que nos permite clicar tudo!

    Certeza que voltando pra Lima vou comprar uma máquina e fazer um curso de fotografia... tem cada coisa LINDA nesse mundo pra gente registrar!!

    Bjs!

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  2. Quanta coisa linda, Tila!
    Adorei tudo.
    bjs aquecidos pra vcs

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