quinta-feira, 19 de maio de 2011

Diário de Viagem - Parte II - Arequipa

Antes de chegar em Arequipa eu já sabia que ia adorar a cidade. Já tinham me dito que é a cidade mais bonita daqui do Peru, e eu a "conhecia" de alguns livros do Vargas Llosa (que comecei a devorar quando soube que vinha morar por aqui).

E não deu outra: me apaixonei à primeira vista.

Logo no momento em que chegamos, e saímos para um rápido reconhecimento dos arredores, amei tudo que vi! A cidade, que é Patrimônio da Humanindade e a segunda maior do Peru - cerca de 1 milhão de habitantes - mas tem clima de cidade de interior.

Nosso hotel (Posada del Monasterio - que aliás tem uma ótima relação custo benefício!) ficava a 3 quadras da Plaza de Armas e chegando ali sentimos que, apesar de ser um domingo (ou, justamente por ser um domingo), reinava um clima de cidadezinha: todo mundo na praça, uma musiquinha tocando, os adolescentes passeando, as crianças correndo atrás dos pombos, os velhinhos olhando o movimento...


E a Plaza tem arquitetura tipicamente espanhola, quadradinha, com uma fonte no meio, e com construções em arcos margenado toda praça. Em um dos lados fica a Catedral, que é enorme e já passou por muitas reconstruções, graças aos diversos terremotos (vários devastadores) que castigaram a cidade (o último forte, em 2001, derrubou uma das torres da Catedral, que foi reconstruída com ajuda da Unesco).

A cidade é rodeada por 3 vulcões (acho que já comentei isso no outro post), e se orgulha disso. Diz a lenda que a força de caráter das pessoas de Arequipa e o espírito revolucionário vêm justamente do fato de terem nascido tão perto destes vulcões, sob ameaça constante do "despertar", em especial do "queridinho" (preferido pelos arquipenhos): o Misti. É o preferido porque tem a forma clássica (cônica) dos vulcões. Aqui uma fotinho dele no fim da tarde de domingo.


A área também é constantemente sacudida por vários tremores diários: cerca de 20  por dia, mas a maioria não é sentida pela população, pois quando o tremos é inferior a dois graus (e a maioria deles são) o ser humano não os sente. Eu, graças a D-us não senti nenhum enquanto estive lá!

Essa "moldura" natural traz uma beleza única para a cidade: você vê os vulcões, com os cumes cobertos de neve, de praticamente todo lugar que estiver. É muito lindo! Aqui vão duas fotinhos, da Plaza de Armas, com os vulcões ao fundo (tem de fazer um esforço... rs... mas dá pra enxergar!).

Esse, ao fundo, é o Chachani
  
Chachani, também (6.089m), é o mais alto dos 3
Naquele fim de tarde também conhecemos o Claustro da Igreja de Santiago (conhecida como Igreja da Companhia - por conta da companhia dos Jesuítas que chegou para catequisar os indígenas), passeamos pelo centro e nos deparamos com um café, curioso (qualquer semelhança com o Starbucks não nos pareceu mera coincidência...).



No fim da tarde passamos também pela Igreja de São Francisco (sim, como deu pra perceber a cidade tem muuuuitas igrejas... é uma cidade muito católica). A lua já estava no céu e não resisti: achei linda a foto!


Arequipa é conhecida como a cidade branca. Ouvimos duas explicações: a primeira vem da cor da maioria das construções que são feitas de sillar - uma rocha vulcânica; a outra é de que, na época da colonização do Peru, pelos espanhóis, muitos se mantiveram na cidade, até um ponto em que haviam mais espanhóis que índios, o que transformou a cidade em uma cidade "branca". Sinceramente, gostei muito mais da primeira explicação... E a Igreja de São Francisco é um exemplo das construções brancas (assim como a Catedral).

À noite aproveitamos para ir num dos restaurante mais bem cotados de Arequipa: Zig Zag. É um bistrô muito simpático, que tem uma escada projetada pelo próprio Gustave Eiffel (!), e serve uma série de pratos numa pedra fumegante!!! A pedra vem à mesa assando a carne, o peixe, ou os frutos do mar, que você pedir.

Super interessante, delicioso e curioso! Notem nas fotinhos abaixo o detalhe do "babador", que no início pensamos em recusar (porque ninguém precisa pagar um mico desses, a princípio), mas depois percebemos que é totalmente necessário, pois a carne vem "espirrando" na pedra fumegante... Enfim, interessante, ambiente super agradável e cardápio delicioso - com a vantegem dos preços mais que atrativos daqui do Peru.

Ambiente super agradável, ótima música
 e a escada do Eiffel ao fundo

Pedi magret de pato, com manteiga
de laranja e fritas fantásticas!

O dele era um trio de carnes,
com manteiga de alho
e as fritas também deliciosas!
No dia seguinte seguimos em um tour, que nos levou a um lugar de tirar o fôlego: o mirante de Carmen Alto, com uma vista linda da cidade, dos vulcões e de plantações (na forma de terraços, típica da região, para aproveitar os micro climas e a irrigação), que por incrível que pareça ficam muito próximas do centro da cidade!

O Chachani, o vale do rio Chili
e as plantações - visual incrível!

Os terraços e os girassóis!
Saindo dali fomos até a praça central de Yanauhara, distrito próximo de Arequipa (quase um bairro), que também tem um visual incrível de Arequipa e dos vulcões - emoldurados por arcos nos quais constam incrições (frases e poesia) de autores arquipenhos. As frases retratam o espírito revolucionário pelo qual é conhecido o povo ariquipenho (graças à proximidade dos vulcões, diz a poesia), que participou ativamente das grandes revoluções e guerras peruanas (razão pela qual a cidade é conhecida como "Leão do Sul").

O Misti ao fundo, e os arcos
com poesia arequipenha

O Pichu Pichu, o terceiro vulcão
A igreja de São João Batista, que também fica na praça de Yanauhara, tem inspiração gótica e um trabalho incrível na fachada, que mistura os símbolos católicos com os símbolos que os índios - que trabalharam em sua construção (claro!) conheciam. É bem interessante... os cachos de uva, por exemplo, que os índios não conheciam, parecem espigas de milho... afinal, era a referência que tinham. Também reconhecemos imagens de felinos típicos da região, e a referência ao deus sol, que para eles era muito importante.

A igreja de São João Batista
Voltando para Arequipa continuamos nosso passeio no Monastério de Santa Catalina - que é especial e vai ganhar um post só pra ele. Além do Monastério passamos por vários outros lugares bacanas da cidade. Uma curiosidade, muitas construções preservadas são antigos casarões de inspiração moura, com pátios internos charmosos, com aquelas fontes (típicas) e que dão uma tranquilidade... delícia! Alguns são hotéis (como o que ficamos), outros são museus (como a Casa Del Morel, que visitamos e guarda móveis antigos típicos da época da colonização), e outros são usados por lojas, restaurantes, bancos, etc.


Esse era o casarão em que ficava nosso hotel


Esse é o casarão em que
fica a Biblioteca Municipal
Mario Vargas Llosa (claro!)

E esse é o pátio interno da Casa Del Morel
Aqui outras fotinhos de Arequipa:
Muitos casarões têm essas grades lindas

Esse é um guarda figura que parava
o trânsito pra gente, sempre muito animado!

Fred caminhando numa rua da cidade


Mais uma passadinha na Plaza de Armas

Ela de novo, à noite

A Catedral, vista de dentro e de cima

O topo da Catedral com o Misti ao fundo

A Plaza de Armas, vista do alto da Catedral

E o Pichu Pichu visto da Torre da Catedral

Arequipa é, de fato, uma cidade que vale a pena visitar (e voltar!). O clima é mais agradável por conta do sol (embora na sombra o ventinho gelado nos obrigue a carregar um casaquinho), a cidade é super bonita, o povo simpático, os preços acessíveis e bem próxima de outros lugares bacanas de conhecer.

Enfim, tinha razão o chefe inca quando disse aos seus chefiados, ao chegarem no que hoje é a cidade de Arequipa: Ari Kepai (ou seja, "pode ficar")!

Beijos,
Tila.

4 comentários:

  1. Quanta coisa linda! Adorei tudo. Aproveitem. bjs

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  2. Aaaah, que lindas as lhamas de laciiinho!

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  3. Amei, amei, amei! Quero um vulcão só pra mim! rs

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  4. Nanoca, tudo muito lindo, mesmo!!

    Bia, cada uma tem um lacinho diferente que é pra identificar o dono... eles fazem isso com as llamas, alpacas e com o gado. As vicunhas, por serem selvagens, não tem lacinho...

    Lari, é incrível, mesmo!! Eu fiquei maravilhada... tirei milhares de fotos, cada vez que a gente dava de cara com um vulcão eu tirava uma foto! Cada olhada era um flash! Risos...

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